Ivo Pitz
História da Imigração

Família Pitz

Breve história da Imigração Alemã em São Pedro de Alcântara.

Na Alemanha

Depois das guerras napoleônicas, vários estados europeus estavam  arruinados. "A ocupação de Trier pelos franceses, em 1794 e 1795, destruiu velhos sistemas e antigas tradições. A economia, fundamentada na viticultura, e que funcionava eficientemente, sofreu forte abalo e ficou paralisada. Bens e edifícios foram confiscados, muitos deles distribuídos e vendidos; outros foram transformados em hospitais e casas de repouso. As instituições religiosas foram dissolvidas e suas edificações vendidas, na condição de serem demolidas. A cidade de Trier perdeu 24 igrejas e capelas, algumas consideradas como verdadeiras obras de arte arquitetônica. A Universidade, fundada no século 15, foi fechada, e diversos manuscritos, de valor inestimável, foram destruídos ou desapareceram". (in Philippi, Aderbal João, São Pedro de Alcântara, a Primeira Colônia alemã de Santa Catarina. Editora do autor, Florianópolis, 1995, p.16).
A Prússia recebeu, como seu, em 1815, o território da Renânia. O Sarre foi incorporado a Trier, que passou a ser sede de Governo. O mesmo aconteceu com Koblenz.  Tudo isso foi acertado na Conferência de Paz de Viena. Reorganizar tudo não foi tarefa fácil aos novos governantes. As tradições tinham sido interrompidas, a vida eclesiástica havia sido transformada e novas estruturas sociais haviam sido formadas. Novos problemas também apareceram. O novo Governo Prussiano proibiu o relacionamento comercial com a França, o que aprofundou mais ainda a crise econômica. A população urbana levava uma vida modesta; a população do campo era pobre. A produção, tanto de artesãos, como do meio rural, ficou quase paralisada. A batata inglesa, principal produto, começou a ser afetada por pragas. Em 1817 veio o inverno da fome, obrigando muita gente a migrar dentro dos próprios estados alemães, em busca de sobrevivência.  O governo da Prússia tolerava a migração, mas uma lei de 1818, a Allgemeines Landrecht, dificultava a migração, para não perder mão-de-obra e soldados para as forças militares.  Hessen e Baden facilitaram a migração, dentro do princípio de que "o homem é um ser dotado de liberdade e autonomia e, como tal, adere voluntariamente ao círculo social que lhe garanta suas exigências de vida; onde esta garantia não existe mais, o homem pode separar-se do seu conjunto nacional; a emigração é um assunto particular de cada pessoa, podendo o Estado tirar proveito dela, porque modifica situações naturais e as massas que sobram devem emigrar para proporcionar aos outros a tranqüilidade anterior e a felicidade que haviam perdido".
O Governador da Circunscrição de Trier, em 3 de janeiro de 1828, assim se expressou em memorando: "É inútil prevenir ou admoestar: as autoridades civis e eclesiásticas não conseguem demover de sua loucura a essas pessoas tontas. Estas autoridades só confirmam o que anteriormente nós já havíamos experimentado; toda tentativa para refrear essa emigração, e para dissuadir esses iludidos de continuarem no propósito de tão funestas conseqüências, só consegue fortalecê-los na execução do mesmo, tornando-os ainda mais obstinados". 
O agente de Encargos Políticos do Imperador D. Pedro I, do Brasil, Major Georg Anton Schäfer, tinha como incumbência recrutar soldados para o Exército Imperial. Encontrou apoio em Bremen, Hamburgo e Lübeck. A partir de 1825, com as informações de que a Colônia de S. Leopoldo(RS), estava tendo sucesso, aumentou o interesse, em todas as regiões alemãs, pela emigração para o Brasil. No Hunsrück e Palatinado houve uma verdadeira febre emigratória. Os agentes do Major Schäfer estavam em plena atividade no Mosela, no Eifel, no Hunsrück e no Sarre. Não havia mais interesse do Governo Brasileiro, em arregimentar soldados, mas apenas colonos.  A Prússia também já aceitava a emigração, desde que não incluísse as pessoas em idade de serviço militar. O Governo do Brasil oferecia vantagens aos interessados. Entre outras, as seguintes: a) Os emigrantes não precisarão de recursos, pois o Governo custeará a viagem e alimentação. No Brasil serão assistidos com utensílios agrícolas e com subsídios diários até começar a produção de alimentos. b) Ninguém será obrigado ao serviço militar. c) Os emigrantes serão estabelecidos em agrupamentos próprios, a fim de preservarem a tradição cultural e moral, incluindo o idioma. d) Aos não católicos será concedida casa de oração e escola. Cada colônia receberá concessões de terras para suas comunidades eclesiásticas e escolares. e) O Governo Brasileiro, antes da emigração, oferece a cada emigrante,  o Certificado de Recepção (Aufnahmezusicherung), que garante aos colonos que fixarem residência em terras concedidas pelo Governo, a equiparação com os demais cidadãos do Império. f) Os colonos serão estabelecidos no Rio Grande do Sul.
As primeiras 60 famílias seguiram para Amsterdam, onde embarcaram em fins de abril de 1828. Os demais embarcaram em junho ou julho do mesmo ano, em Bremen, nos navios Johanna Jakobs e Charlotte & Louise, com destino ao Rio de Janeiro.
No Rio de Janeiro foram encaminhados para a Armação de São Domingos, em Niterói. Ali, ocuparam-se da tramitação dos documentos nos consulados de suas origens e junto ao Governo brasileiro. Nesse meio tempo tomaram ciência da real situação do Brasil. A Imperatriz Dona Maria Leopoldina, filha do Imperador Francisco I, da Áustria, e protetora dos imigrantes alemães, falecera em 1826. O Brasil estava enfraquecido por causa das disputas com a Argentina, da Província Cisplatina do Uruguai. O Imperador estava politicamente enfraquecido. Monsenhor Pedro Machado de Miranda Medeiros, Inspetor de Colonização Estrangeira,  encontrou um plano, elaborado em 1790, pelo Governador da Província de Santa Catarina, de criação de duas colônias militares e agrícolas, entre  Desterro(Florianópolis) e a vila de Lages, no planalto. Propôs, então, aos imigrantes, trocarem S. Leopoldo por Santa Catarina. Ofereceu-lhes mais vantagens por isso. No final de outubro de 1828, ficou acertada a ida para a Província de Santa Catarina, de 146 famílias, num total de 635 pessoas. Em 7 de novembro de 1828 chegou a Florianópolis o brigue "Luísa", com 276 colonos. Michael Pitz, com a família, estava entre eles. No Desterro, ficaram isolados na Armação da Lagoinha, na costa sudeste da ilha. O motivo alegado pelas autoridades era "que estavam doentes e deviam permanecer isolados de comunicação com quaisquer outros, para serem assistidos, os que precisassem, com médicos, botica e hospital", tudo na Armação da Lagoinha. Por erros de informação, os colonos que vieram depois, no bergantim Marquês de Viana, foram encaminhados para a Colônia de S. Pedro de Alcântara antes dos vindos pelo brigue "Luísa". Michael Pitz ( Michaelpitz)  entrou na Colônia em 01 de novembro de 1829, com a esposa e quatro filhos.
1-  Johanna Pitz  - Vide Johannapitz
2-  Michael Pitz - Vide Michaelpitz
3-  Franz Pitz - Vide Franzpitz
4-  Anna Pitz - Vide Annapitz