Poemas
O’ louro imigrante, que trazes | mora uma linda mulher, de cabelos bem verdes |
a enxada ao ombro e na roupa em remendos | e boca de amora. |
azuis e amarelos | Naquele mato distante nasceu Iracema, |
o mapa de todas as pátrias! |
a virgem dos lábios de mel. |
Sobe comigo a este píncaro | Lá ao longe, ao fulgor do trópico, |
e olha a manhã brasileira | o cearense indomável |
que vem despontando, na serra, | segura o sol pelas crinas |
qual braçada de flores jogada da Terra. | no chão revel. |
... e homens, filhos do sol (os índios) | Lá em baixo, o gaúcho |
homens filhos do luar (os lusos) | vigia a fronteira, |
homens filhos da noite (os pretos) | montado no seu corcel. |
aqui vieram sofrer, aqui vieram sonhar | Na paisagem escampa. |
Naquele palmar tristonho | Sim, o gaúcho que viu, ao nascer, |
que vês muito ao longe os primeiros profetas | a bandeira da pátria estendida no pampa. |
da liberdade, vestidos de negro, | O’ louro imigrante, |
antecipam o meu sonho. | agarra-te à enxada, |
Mais longe descansa o sertão imortal. | Semeia o grão de ouro |
A voz da araponga até hoje desata | na terra de esmeralda. |
o seu grito, transfundido em metal. | E — semeador — |
Foi onde o paulista, que nunca descansa, | O’ meu irmão louro. |
fundou o país da Esperança. | terás a sensação, terás a graça |
Naquele rio encantado | de um descobridor! |